Recebi uma carta da minha amiga Sonia. Terminava dizendo: “Quando esta guerra acabar, apenas as valas comuns testemunharão que em tempos houve aqui um povo.”
Tínhamos os corações partidos. Era o fim. O fim do mundo.
Na nossa tradição, uma morte rasga o tecido do mundo. Estamos todos ligados. Por casamento. Por amizade. Por trabalho.
Um dia, do nada, a mamã olhou para mim e disse: “Clara, vais escrever um diário.”
Seria um registo. Um objectivo. Era uma forma de contra-atacar.
Uma história tão tocante quanto O Diário de Anne Frank e A Lista de Schindler. É assim que a imprensa internacional define este livro, baseado no diário que a judia Clara Kramer escreveu em plena Segunda Guerra Mundial, quando tinha apenas 15 anos.
A 21 de Julho de 1942, os Nazis conquistam a cidade polaca de Zolkiew, originando a deportação e o massacre de milhares de judeus. A família de Clara consegue esconder-se num bunker que, apressadamente, escavara à mão. A viver por cima deles e a protegê-los está a família Beck. Embora se autoproclame anti-semita, o Sr. Beck arrisca diariamente a vida pelos dezoito judeus que acolheu. Apesar das condições de vida inumanas, dos relatos diários da morte de familiares e amigos e do terror constante, os laços de amor e solidariedade que se estabelecem entre eles dão conta da grandeza que faz pulsar o coração humano.
Contra todas as probabilidades, Clara sobreviveu para contar a sua história. O seu diário está exposto no Museu Memorial do Holocausto, em Washington. O bunker ainda existe.
Dos cinco mil judeus que habitavam Zolkiew antes da guerra, sobreviveram menos de sessenta.
a menina que se chamava número 27
a vida secreta das princesas árabes
clara – a menina que sobreviveu ao holoc
comprada – a minha vida num harém
o diário da minha melhor amiga