Mais de quinze personalidades.
Uma mente torturada.
Alice parecia ter tudo para ser feliz: vivia com os pais e o irmão numa casa luxuosa, frequentava as melhores escolas… Porém, sempre se sentiu diferente das outras crianças. Sofria de perdas de memória, tinha pesadelos violentíssimos e as vozes que ouvia na sua cabeça pediam-lhe para se matar. Culpou-se em silêncio durante anos até procurar um terapeuta, que a ajudou a compreender o que a atormentava: múltiplas personalidades. Quando elas se revelaram, Alice percebeu por fim a dimensão da sua agonia. Cada uma das personalidades tinha as suas próprias e terríveis memórias. Ela podia finalmente ter uma visão global da sua infância. Mas o que descobriu quase a matou.
Alice fora abusada pelo próprio pai desde os seis meses de idade. Ao longo da sua infância, adolescência e juventude, ele violara-a centenas de vezes, tendo até permitido que outras pessoas o fizessem. “O meu pai infligiu-me todas as perversões possíveis”, conta-nos. Na adolescência, sofria de anorexia e de perturbação obsessivo-compulsiva, perturbações que eram, no fundo, silenciosos pedidos de ajuda que ela descreve corajosamente em O Inferno de Alice.
Perceber e sobreviver ao passado foi apenas o início de uma luta que Alice trava até hoje. Esta é a sua história.
“Um relato apaixonante das estratégias que Alice usou para sobreviver a mais de duas décadas de grotescos abusos sexuais, físicos e emocionais.”
The Times
“Maravilhosamente escrito… Um relato extraordinariamente lúcido de uma vida fragmentada pelas múltiplas personalidades… Uma história inesquecível.”
London Lite
“Um inteligente e analítico relato em primeira mão, escrito por uma mulher extraordinária que ainda está a aprender a viver consigo própria.”
Financial Times
“O primeiro grande livro britânico sobre múltiplas personalidades e trauma infantil escrito por uma sobrevivente. O livro oferece uma visão única do mundo complexo de alguém que vive como uma pessoa ‘múltipla’ e deve ser lido por todos os profissionais da área da saúde mental, já que esta doença é raramente compreendida ou bem tratada nos serviços de saúde mental.”
Remy Aquarone, secretário da European Society for Trauma & Dissociation e director do Pottergate Centre for Dissociation & Trauma
Alice Jamieson licenciou-se com distinção em Saúde e Estudos Comunitários enquanto sofria de perturbação dissociativa de identidade, não tendo conseguido acabar o seu doutoramento.
Corredora de maratona, viajante regular para o Médio Oriente e instrutora de ginástica, Alice Jamieson planeia começar um novo doutoramento na Universidade de Birmingham na aérea dos danos auto-infligidos e da dissociação.
TRANSTORNO DE MÚLTIPLAS PERSONALIDADES
“CRIAR OUTRAS PESSOAS NA MINHA CABEÇA FOI A MINHA FORMA DE LIDAR DE LIDAR COM OS ABUSOS”
Depois de anos a ser abusada pelo pai, Alice Jamieson passou a sofrer de transtorno de múltiplas personalidades. Ela conta como o trauma moldou a sua vida.
Conhecer novas pessoas é stressante para Alice Jamieson – não é o seu nome real – e é em altura de stress que as suas personalidades estão mais propensas para aparecer. Talvez por isso não deva ficar surpreendida quando Alice vem pela primeira vez ao meu encontro na sua casa e não veja nela qualquer sinal da mulher de quarenta anos que está prestes a iniciar um doutoramento. No seu lugar está um rapaz de dez anos chamado JJ, de cabeça inclinada, braços a baloiçar e a falar num voz arrastada e aguda.
Se eu quero ver o seu candeeiro novo? Sigo-o até outro quarto, onde um espectacular candeeiro em forma de avião está pendurado no tecto. Ele faz silvar a hélice e mostra-me um conjunto de letras em madeira para serem coladas à porta. As letras formam a frase “O ANTRO DE JJ”. “Posso vir para aqui e ficar sozinho”, explica.
Sentamo-nos na cozinha e digo a JJ que acho o livro de Alice muito bom. Estou a tentar usar palavras apropriadas para uma conversa com um miúdo de dez anos quando as pernas dele param de baloiçar e ele levanta a cabeça e olha para mim intensamente. Alice está de volta. Ela aperta a minha mão e apresenta-se; não tem qualquer conhecimento da conversa que acabámos de ter.
Quando Alice tinta vinte e quatro anos foi-lhe dito que sofria do transtorno de múltiplas personalidades ou transtorno dissociativo de identidade, uma doença associada a abusos na infância. A certa altura chegou a ter quinze personalidades alternantes, muitas delas crianças com memórias específicas dos abusos por que passara, a grande maioria às mãos do pai, apesar de às vezes ele também permitir o envolvimento de outros adultos.
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