No dia em que o meu pai morreu, julguei sentir a pior dor do mundo... julguei que nunca mais voltaria a sentir uma dor assim. Mais tarde, aprenderia que a dor, como o verde das folhas da floresta, tem muitos matizes.
No orfanato onde foi abandonada, Michaela perdeu o direito a usar o seu nome. Passou a ser o Número 27, era apenas mais uma entre muitas crianças desprotegidas.
A sua vida nem sempre foi assim. Michaela nasceu na Serra Leoa. Era a filha única de um casal que tinha a coragem de contrariar a tradição. Fizeram-no ao casar por amor e, mais tarde, ao adorarem sem reservas a sua filha, algo inédito numa cultura que despreza as mulheres. Embora fossem alvo de chacota, os seus pais insistiam para que frequentasse a escola e sonhavam em dar-lhe uma vida melhor.
Mas a guerra não lhes deu tréguas. Arrasou aldeias, ceifou vidas, destruiu sonhos. O pai de Michaela foi assassinado por guerrilheiros e, pouco depois, a mãe sucumbiu à doença. Michaela ficou sozinha no mundo.
O carinho não tinha lugar no orfanato miserável para onde foi atirada. Mas, um dia, Michaela viu algo que lhe permitiu sonhar pela primeira vez em muito tempo: a fotografia de uma bailarina clássica. Pouco depois, uma família americana adotou-a e não se poupou a esforços para realizar o seu sonho. Michaela deixou a sua África natal rumo aos Estados Unidos e a uma vida repleta de amor e estabilidade. Hoje em dia, é uma das mais promissoras estrelas do exigente ballet nova-iorquino.
Uma história sobre o poder da bondade e da coragem. Uma lição de vida inesquecível.
Michaela DePrince nasceu na Serra Leoa e vive atualmente nos Estados Unidos com os seus pais adotivos. Estudou no American Ballet Theatre e foi a mais jovem bailarina principal do Dance Theatre of Harlem.
Na sua qualidade de bailarina, figurou no documentário First Position, bem como nos programas de televisão Dancing with the Stars, Good Morning America e Nightline.
Para mais informações sobre a autora, consulte o site www.michaeladeprince.com
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